CAPÍTULO
1
POR QUE ESTE LIVRO
Após
várias opiniões sobre a outrora tranquila decisão de ter seu próprio negócio,
você está finalmente chegando às portas do mercado. Antes você precisa ir a um
"supermercado de conhecimentos" para obter mais informações. Imagine
que ele seja similar àqueles em que fazemos as compras para nossas casas, só
que no lugar de enlatados, produtos de limpeza, bebidas, etc, as gôndolas estão
repletas de livros e publicações especializadas sobre legislação tributária e
trabalhista, contabilidade empresarial, marketing, vendas, pesquisa de mercado,
dados estatísticos, formação de preços, finanças, franchising, histórias de
sucesso empresarial, etc.
Próximo
à porta, pega um carrinho. Lá dentro, você caminha pelos corredores e apanha os
produtos de sua lista e alguns extras, colocando-os no carrinho. Feita a
compra, chega aos caixas e tenta escolher a fila que ande mais rápido. Pode
apostar que não é a que você está. Será isso um mau presságio? Não, é claro que
não. Apenas não teve a sorte de pegar o caixa da funcionária do mês, que é
muito mais rápida.
Chega
sua vez e você tira tudo do carrinho para passar pelo caixa. Enquanto você vai
empacotando suas compras, a caixa também vai. Vai chamar aquele funcionário que
deveria estar ensacando suas compras para ver o preço de um produto no qual a
etiqueta está úmida e o leitor de código de barras não lê. Ela também vai
passando suas compras. Aí você acha que ela passou a barra de chocolate, ou
melhor, o livro “Como abrir e administrar seu próprio negócio” duas vezes pelo
leitor. Mas como você está com pressa, deixa pra lá. Agora você também vai
colocando suas compras de volta no carrinho e paga a conta.
Você
empurra o carrinho até seu carro no estacionamento – tomara que seja coberto
porque está caindo uma chuva de verão – e descarrega o carrinho no porta-malas.
Você é educado e leva o carrinho de volta ao seu estacionamento, à porta do
supermercado.
Se
você mora num apartamento, estaciona o carro na garagem e vai apanhar o
carrinho do condomínio. Aí você descarrega o carro e carrega o carrinho. Já no
seu apartamento, descarrega o carrinho, guarda as compras e desce para devolver
o carrinho ao seu estacionamento, no condomínio.
As
agruras com o carrinho são uma prévia dos momentos de uma empresa no mercado.
Tenha a certeza de que uma hora o carrinho estará cheio, outra estará quase
vazio, noutra precisará eventualmente ser trocado, etc. Por isso é preciso
conhecimento e preparo.
Mas
não é só. Com o tempo, o conteúdo do carrinho é modificado. No mundo
contemporâneo, onde as informações viajam na velocidade da luz, sempre há uma
nova teoria administrativa, um computador mais rápido, etc. Se bastasse adotar
as novidades para obter sucesso, tudo seria muito fácil. Embora possam surgir
coisas importantes e úteis, é preciso cuidado com modismos que são efêmeros por
princípio. Você pode até experimentar uma novidade aqui ou acolá, mas não vai
substituir o feijão, o arroz, a carne. Ou seja, ser honesto, ser preparado, ser
profissional, ser organizado, ser criativo, ser disciplinado, ser amigável são
valores imutáveis para o sucesso em qualquer situação na vida ou na empresa.
Gosto de ler e sou meticuloso e uma
coisa acaba levando à outra. Uma vez, há muitos anos atrás, quando ainda era
difícil pegar televisão na praia fui a uma livraria e comprei não um, mas três
livros sobre antenas. Livros em baixo do braço; visitas a lojas para comprar as
peças; eu em cima do telhado; problema resolvido.
Este hábito de buscar informação em
livros, revistas, artigos de jornal e em cursos ou treinamentos específicos
deve ser desenvolvido e praticado regularmente pelo empreendedor, porque há um
fato pouco comentado mas muito presente na maioria dos micros, pequenos e
médios empreendimentos: a solidão. Não me refiro à eventual solidão tangida
pela falta de proximidade das pessoas queridas ou do convívio social. Falo da
solidão na gestão no dia a dia de um negócio próprio. Embora essa independência
tenha sido um dos motivadores ao empreendimento, às vezes gostaríamos de trocar
idéias com outras pessoas sobre um determinado assunto ou dificuldade
momentânea. Esse remédio contra a solidão revela-se quase sempre uma panacéia
porque, por mais experiente ou mais qualificado que seja o ouvinte, a pessoa
não conhece a fundo as particularidades do seu negócio e é muito difícil você
transmitir todas as variáveis do problema numa simples conversa. Ainda assim
ela emite uma opinião que é uma mistura de idéias preconcebidas, gravadas em
sua mente, com as informações que você transmitiu. Na maior parte das vezes a
gente agradece e educadamente diz que vai implementar a solução, mas sabe, na
verdade, que a idéia é impraticável por essa ou aquela razão. E aí você volta a
sentir a angústia da solidão empresarial.
Uma alternativa eficaz neste e em outros
sentidos é, sem dúvida, o modelo de negócio chamado franchising. Quando você
compra uma franquia fica imune àquela solidão gerencial porque tem, no mínimo,
o franqueador para trocar idéias. Também adquire um pacote onde quase todos os
problemas já foram resolvidos e os novos, você relata e aguarda uma resposta.
Entretanto, o “preço a pagar” por essa comodidade pode ser demasiado para
empreendedores natos, pois a falta de liberdade, ou sua limitação, engessada
que é pelo sistema de franchising afronta, principalmente, a criatividade
inerente às pessoas empreendedoras. Por isso há uma forte tendência de ajuste
no relacionamento franqueador-franqueado. A mudança acontece no grau de
liberdade que vem sendo conquistado pelos franqueados junto aos franqueadores,
pois afinal, são eles também partes integrantes e interessadas no negócio como
um todo. É importante salientar que esta maior liberdade não significa abandono
unilateral ao sistema do franqueador. Ao contrário. Significa uma maior
integração para o sucesso do empreendimento através de um conceito antigo,
muito falado e pouco praticado, chamado parceria.
Entretanto,
para que haja parceria no conceito pleno da palavra, é necessário quebrar
alguns grilhões dos pseudo-segredos do sistema já na busca de uma franquia. Por
isso, neste livro, são apresentadas informações inusitadas porque todas as
redes apresentam-se mais ou menos da mesma maneira no mercado e as pessoas
interessadas, compreensivelmente, encontram dificuldades em obter dados para
formar um quadro claro do negócio com os detalhes estanques ou superficiais
inicialmente à sua disposição, que só são conseguidos após assinatura do
contrato de franquia.
Sua
leitura proporcionará a vivência antecipada e virtual de seu empreendimento, em
praticamente todas as suas nuanças. Mesmo que você tenha preferência na área de
franquias ou opte por um negócio próprio, os conhecimentos aqui obtidos serão
muito úteis na negociação e/ou condução de seu futuro empresarial. Até mesmo
potenciais franqueadores encontrarão respostas para entrar no sistema com o pé
direito.
Por
importante, lembro que este livro não esgota, em absoluto, os assuntos nele
referidos e tampouco põe um ponto final sobre a árdua e excitante tarefa de
conduzir uma empresa, qualquer que seja ela.
Boa
leitura e boa sorte!
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