quinta-feira, 31 de outubro de 2013

+Por que este livro

CAPÍTULO 1
POR QUE ESTE LIVRO

Após várias opiniões sobre a outrora tranquila decisão de ter seu próprio negócio, você está finalmente chegando às portas do mercado. Antes você precisa ir a um "supermercado de conhecimentos" para obter mais informações. Imagine que ele seja similar àqueles em que fazemos as compras para nossas casas, só que no lugar de enlatados, produtos de limpeza, bebidas, etc, as gôndolas estão repletas de livros e publicações especializadas sobre legislação tributária e trabalhista, contabilidade empresarial, marketing, vendas, pesquisa de mercado, dados estatísticos, formação de preços, finanças, franchising, histórias de sucesso empresarial, etc.

Próximo à porta, pega um carrinho. Lá dentro, você caminha pelos corredores e apanha os produtos de sua lista e alguns extras, colocando-os no carrinho. Feita a compra, chega aos caixas e tenta escolher a fila que ande mais rápido. Pode apostar que não é a que você está. Será isso um mau presságio? Não, é claro que não. Apenas não teve a sorte de pegar o caixa da funcionária do mês, que é muito mais rápida.

Chega sua vez e você tira tudo do carrinho para passar pelo caixa. Enquanto você vai empacotando suas compras, a caixa também vai. Vai chamar aquele funcionário que deveria estar ensacando suas compras para ver o preço de um produto no qual a etiqueta está úmida e o leitor de código de barras não lê. Ela também vai passando suas compras. Aí você acha que ela passou a barra de chocolate, ou melhor, o livro “Como abrir e administrar seu próprio negócio” duas vezes pelo leitor. Mas como você está com pressa, deixa pra lá. Agora você também vai colocando suas compras de volta no carrinho e paga a conta.

Você empurra o carrinho até seu carro no estacionamento – tomara que seja coberto porque está caindo uma chuva de verão – e descarrega o carrinho no porta-malas. Você é educado e leva o carrinho de volta ao seu estacionamento, à porta do supermercado.

Se você mora num apartamento, estaciona o carro na garagem e vai apanhar o carrinho do condomínio. Aí você descarrega o carro e carrega o carrinho. Já no seu apartamento, descarrega o carrinho, guarda as compras e desce para devolver o carrinho ao seu estacionamento, no condomínio.

As agruras com o carrinho são uma prévia dos momentos de uma empresa no mercado. Tenha a certeza de que uma hora o carrinho estará cheio, outra estará quase vazio, noutra precisará eventualmente ser trocado, etc. Por isso é preciso conhecimento e preparo.

Mas não é só. Com o tempo, o conteúdo do carrinho é modificado. No mundo contemporâneo, onde as informações viajam na velocidade da luz, sempre há uma nova teoria administrativa, um computador mais rápido, etc. Se bastasse adotar as novidades para obter sucesso, tudo seria muito fácil. Embora possam surgir coisas importantes e úteis, é preciso cuidado com modismos que são efêmeros por princípio. Você pode até experimentar uma novidade aqui ou acolá, mas não vai substituir o feijão, o arroz, a carne. Ou seja, ser honesto, ser preparado, ser profissional, ser organizado, ser criativo, ser disciplinado, ser amigável são valores imutáveis para o sucesso em qualquer situação na vida ou na empresa.

         Gosto de ler e sou meticuloso e uma coisa acaba levando à outra. Uma vez, há muitos anos atrás, quando ainda era difícil pegar televisão na praia fui a uma livraria e comprei não um, mas três livros sobre antenas. Livros em baixo do braço; visitas a lojas para comprar as peças; eu em cima do telhado; problema resolvido.

         Este hábito de buscar informação em livros, revistas, artigos de jornal e em cursos ou treinamentos específicos deve ser desenvolvido e praticado regularmente pelo empreendedor, porque há um fato pouco comentado mas muito presente na maioria dos micros, pequenos e médios empreendimentos: a solidão. Não me refiro à eventual solidão tangida pela falta de proximidade das pessoas queridas ou do convívio social. Falo da solidão na gestão no dia a dia de um negócio próprio. Embora essa independência tenha sido um dos motivadores ao empreendimento, às vezes gostaríamos de trocar idéias com outras pessoas sobre um determinado assunto ou dificuldade momentânea. Esse remédio contra a solidão revela-se quase sempre uma panacéia porque, por mais experiente ou mais qualificado que seja o ouvinte, a pessoa não conhece a fundo as particularidades do seu negócio e é muito difícil você transmitir todas as variáveis do problema numa simples conversa. Ainda assim ela emite uma opinião que é uma mistura de idéias preconcebidas, gravadas em sua mente, com as informações que você transmitiu. Na maior parte das vezes a gente agradece e educadamente diz que vai implementar a solução, mas sabe, na verdade, que a idéia é impraticável por essa ou aquela razão. E aí você volta a sentir a angústia da solidão empresarial.

          Uma alternativa eficaz neste e em outros sentidos é, sem dúvida, o modelo de negócio chamado franchising. Quando você compra uma franquia fica imune àquela solidão gerencial porque tem, no mínimo, o franqueador para trocar idéias. Também adquire um pacote onde quase todos os problemas já foram resolvidos e os novos, você relata e aguarda uma resposta. Entretanto, o “preço a pagar” por essa comodidade pode ser demasiado para empreendedores natos, pois a falta de liberdade, ou sua limitação, engessada que é pelo sistema de franchising afronta, principalmente, a criatividade inerente às pessoas empreendedoras. Por isso há uma forte tendência de ajuste no relacionamento franqueador-franqueado. A mudança acontece no grau de liberdade que vem sendo conquistado pelos franqueados junto aos franqueadores, pois afinal, são eles também partes integrantes e interessadas no negócio como um todo. É importante salientar que esta maior liberdade não significa abandono unilateral ao sistema do franqueador. Ao contrário. Significa uma maior integração para o sucesso do empreendimento através de um conceito antigo, muito falado e pouco praticado, chamado parceria.

Entretanto, para que haja parceria no conceito pleno da palavra, é necessário quebrar alguns grilhões dos pseudo-segredos do sistema já na busca de uma franquia. Por isso, neste livro, são apresentadas informações inusitadas porque todas as redes apresentam-se mais ou menos da mesma maneira no mercado e as pessoas interessadas, compreensivelmente, encontram dificuldades em obter dados para formar um quadro claro do negócio com os detalhes estanques ou superficiais inicialmente à sua disposição, que só são conseguidos após assinatura do contrato de franquia.

Sua leitura proporcionará a vivência antecipada e virtual de seu empreendimento, em praticamente todas as suas nuanças. Mesmo que você tenha preferência na área de franquias ou opte por um negócio próprio, os conhecimentos aqui obtidos serão muito úteis na negociação e/ou condução de seu futuro empresarial. Até mesmo potenciais franqueadores encontrarão respostas para entrar no sistema com o pé direito.

Por importante, lembro que este livro não esgota, em absoluto, os assuntos nele referidos e tampouco põe um ponto final sobre a árdua e excitante tarefa de conduzir uma empresa, qualquer que seja ela.


Boa leitura e boa sorte!

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